sexta-feira, 19 de abril de 2013

Todo criativo é (ou deveria ser) empreendedor, por Leonardo Brant

A vida de quem (sobre)vive de atividades criativas exige, em menor ou maior grau, de uma dose considerável de empreendedorismo. A proposição de uma obra criativa, seja arte, design, música, filme, literatura, arquitetura, artesanato, peça teatral ou de dança, envolve pesquisa, inovação, processos de produção às vezes muito complexos e financiamento incerto. 

Junte a essa realidade uma situação de mercado instável, com forte intervenção estatal e insegurança jurídica, prejudicando sobretudo a produção de base e a de ponta, estranguladas por um imponente porém efêmero mercado do entretenimento, que cresce e se fortalece à sombra da regulação do Estado. 

São ingredientes a mais para quem já enfrenta a burocracia, a carga tributária e as dificuldades comuns dos mercados mais estabelecidos e consolidados. 

Mas nada atrofia tanto a função empreendedora dos criadores quanto a sua própria acomodação diante de um modelo político anacrônico, que desistiu há muito das demandas simbólicas mais abrangentes e estruturantes, para tratar de uma sucessão cada vez maior de projetos e ações pontuais sem efeito articulador. 

A despeito de todas as dificuldades aqui apontadas, ouso dizer que estamos diante de grandes oportunidades de negócios para aqueles que conseguem superar os entraves ideológicos que os prendem a um Estado imaginário e desejável, porém irreal. E conseguem utilizar as fontes de recursos disponíveis como a alavanca necessária para o estabelecimento de negócios sustentáveis, numa relação direta e espontânea com o mercado. 

Isso não é apologia ao mercado, é questão de sobrevivência para quem habita um dos capitalismos mais selvagens do mundo, com grande concentração de renda e o desafio de formar e desenvolver simbólica e intelectualmente a classe C emergente, que já alcança 54% da população e investe cada vez mais em conteúdo e formação. 

Esse quadro torna-se ainda mais favorável se considerarmos a diversidade de modelos de negócios, sobretudo a partir das tecnologias de informação e comunicação, que ainda oferecem possibilidades incríveis de criação de novos mercados e reinvenção de cadeias e processos produtivos. 

Chegou a hora e a vez dos empreendedores criativos. 

Sobre Leonardo Brant: o desenvolvimento do setor cultural brasileiro nos últimos 20 anos está intimamente relacionado com a trajetória de Leonardo Brant. Sua atuação multidisciplinar intercala contribuições como gestor, consultor, pesquisador, ativista, empreendedor, escritor, documentarista, pensador, jornalista e palestrante - www.brant.com.br

Brant é um dos co-realizadrores e ministrante do projeto "Economia Criativa, Empreendedorismo e O Poder da Cultura" que acontece de 07 a 11 de maio de 2013, no Instituto NT de Cinema e Cultura, na cidade de Porto Alegre (RS). 

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